Por Letícia Chernieski e Saskia Lins

A performance da mentira

Sob o Trinômio: redes, mentiras e YouTube, Christine Pires de Mello, constitui o tema principal em sua pesquisa de pós-graduação na PUC-SP.  A pesquisadora da área de comunicação procura entender em seu trabalho os processos estéticos que existem entre a comunicação e a arte na busca de sentido e presença em torno das redes audiovisuais.



Seu trabalho faz uma relação com o filme Sexo, Mentiras e Videotape ,de 1989, dirigido por Steven Soderbergh. O longa mostra que com a chegada de um personagem, é colocado em cheque a transparência, e expõe uma trama de mentiras nessa sociedade. A palestrante a partir de sua pesquisa começa a pensar a mentira como um estado viral nas redes.

A mentira tem o poder de quebrar o genérico que a transparência oferece, viraliza e cria-se um problema ético e moral, tornando-se igual nas redes. Esse factoide vai gerar um lugar na pós-verdade, na qual os fatos têm menos influência do que as emoções e crenças pessoais. Chistine, diz em seu estudo que, com a pós-verdade, há uma divisão de ideias fomentada pelas notícias falsas. Se pensarmos no Brasil e no mundo hoje, surgiu uma ressignificação da democracia. Para esta, as fake news traduzem como quase uma guerra civil, cuja a comunicação e a democracia estão em conflito. 

Essa crise na comunicação, a partir das fake news, quebra o pacto de verdade que a sociedade estabelece com os organismos da comunicação. Cria-se uma crise de confiança, na qual se destrói um modelo apoiado na verdade e faz com que perca credibilidade. Segundo ela, a mentira pode ser encarada como um vírus, que atravessa as mensagens e estabelece conexões desviantes nas redes, tem um poder de revelar as verdades das situações ordinárias. 

Christine afirma que a tendência é que as chamadas notícias falsas vão piorar, com o seu contágio com as linguagens audiovisuais ou vídeos falsos. O fake produz desinformação, e é o qual os sentimentos operam mais como verdades do que os fatos. As informações falsas se disseminam mais rapidamente do que as verdadeiras, pois, para ela, existe um acesso ao inconsciente de cada um de nós que abre espaço para se tornar relevante. Estamos em um estado de emergência, no qual coabitamos com as mentiras.